DEFININDO ALVO E ESTRATÉGIAS MISSIONÁRIAS
A estratégia tem a sua origem no campo militar onde foi desenvolvida para combater o inimigo em condições de vantagem. Isto é; um plano elaborado e uso de métodos cuidadosos para alcançar um objetivo.
No mundo corporativo onde existe riscos e forte concorrência o uso de uma estratégia é fundamental para a sobrevivência de uma empresa.
No que diz respeito a missões não deveria ser diferente. Na palavra de Deus temos exemplos de vitórias e conquistas através de estratégias dada ao povo de Deus.
A igreja muitas vezes tem se fechado no que diz respeito a elaboração de uma estratégia missionária. Muito são os motivos que levam uma igreja a não elaborar uma estratégia missionária, entre elas podemos afirmar:
• A igreja atribuir a “função missionária” a uma única pessoa; um evangelista ou um missionário.
• A igreja atribuir a função missionária ao próprio Deus que através de uma seleção radical trará o fiel para dentro da igreja.
• A igreja acredita que a atitude de elaborar uma estratégia é algo humano e não espiritual.
• A igreja muitas vezes é fechada no que diz respeito a missões não conhecendo até mesmo o propósito de sua existência de ir atrás do perdido sendo sal e luz na terra
A elaboração de uma estratégia missionária é sim uma atitude que pode refletir muita espiritualidade. Deus auxilia os seus filhos na obra da expansão missionaria. Desenvolver estratégias requer de nós responder perguntas básicas:
• Qual é o nosso objetivo?
• O que devemos fazer para alcançá-lo?
• Como fazê-lo?
• Quando se faz essas perguntas outras questões irão aparecer:
• Quais são os obstáculos previsíveis?
• Como podemos vencer esses obstáculos?
• Quais são os recursos que vamos precisar?
• Quais são os recursos que temos e como poderemos obter mais recursos?
• Quais são as etapas do processo para alcançar os nossos objetivos?
• Qual o tempo que vamos precisar?
Existem muitas perguntas a mais que se pode ser feita para elaborar uma estratégia. Esse trabalho é capaz de detalhar todo um processo que uma vez organizado será de grande utilidade para a igreja e para o avanço da obra missionária
3.1 A Importância da Estratégia Missionária
Quando pensamos em elaborar uma estratégia missionária logo podemos visualizar um pequeno grupo de pessoas dialogando a cerca de um projeto missionário. Sempre haverá um ou mais sonhadores em uma reunião como essa, capaz de enxergar um futuro onde mais almas conhecerão a redenção de Cristo Jesus.
Orar e sonhar são o primeiro passo para elaborar uma meta. Deus é o grande Autor de estratégias. Basta olharmos para Gideão para vermos uma estratégia de Deus para libertar o povo da opressão dos midianitas; mas antes o povo clamou ao Senhor (Juízes 6:6).
O fato de gerar uma estratégia para realizar um projeto missionário mesmo que seja em um grupo pequeno faz com que os sonhos que parecem serem distante se tornem possível de ser alcançado. Isto é; quando estamos reunidos com irmãos em oração e criando meios de alcançar os sonhos, isso fortalecerá a fé tornando o projeto acreditável para todos.
A elaboração de uma estratégia missionária é importante porque rompe com a inércia da igreja e prepara a mesma para novos desafios.
Em resumo, a elaboração de uma estratégia missionária é saudável tanto para o alvo a ser conquistado como para a igreja que elabora.
3.2 Os Principais Alvos de Uma Estratégia Missionária
A igreja de Cristo foi implantada com objetivo de levar o pecador de todas as partes do mundo a Ter um encontro com Cristo, essa é a sua missão. Emil Brunner disse, “a igreja existe pela missão como o fogo existe pelo queimar”. Quando deixa de queimar, o fogo deixa de ser. E quando a igreja deixa de ser missionária, deixa de ser igreja.
Podemos definir os macros objetivos da igreja:
Estabelecer igrejas em cada povo do mundo através de diferentes meios de evangelização
Oferecer a cada indivíduo de cada grupo humano uma oportunidade efetiva de entender a mensagem do Evangelho e leva-lo ao encontro com o Senhor Jesus e servi-lo na comunhão de uma igreja local.
O discipulado deve ser um objetivo irrevogável da missão da igreja. Não podemos nos contentar simplesmente com a evangelização porque isso não reflete na totalidade a ordem de Cristo na grande comissão.
O lugar geográfico é algo muito importante a definir. Nessa hora não devemos ser egoístas. Muitas igrejas se preocupam somente com a região onde elas estão implantadas. A igreja deve ter essa preocupação sim em relação as pessoas circunvizinhas, mas não pode deixar de pensar nos lugares que não existe uma igreja se quer.
Mesmo existindo várias igrejas em uma mesma região, muitas vezes existe grupos específicos de pessoas que ainda não foram alcançadas, ex: crianças de rua; estrangeiros; etc.
A igreja precisa olhar para o mundo percebendo os seus desafios e problemas:
- • A crescente densidade populacional
- • A diversidade cultural
- • A diversidade linguística
- • A diversidade religiosa
- • Complicações geográficas. Ex: deserto; montanha; lugar muito frio; etc.
- • Complicações financeiras
- • Complicações sociais ex: guerra, fome, refugiados; epidemias; rebeliões.
- • Perseguições
3.3 Estreitando o Foco
Deus tem uma vocação para cada indivíduo sendo assim podemos perceber que cada grupo de crente (uma igreja local) é um potencial em vocação.
O corpo de Cristo deve trabalhar dentro de sua vocação. Não adianta uma única igreja querer abraçar todos os desafios missionários do mundo que não conseguirá, porque o desafio missionário é para todo o corpo e não para uma única igreja. Na verdade, a igreja deve encontrar a sua vocação. Qual o propósito especifico de Deus para a sua igreja?
Será que é evangelizar o povo de Bangladesh? Ou será que é evangelizar um pequeno povoado na Groelândia? Através do conhecimento do próprio corpo e a ampliação da visão missionária da igreja, junto com o poder da oração se tornará possível encontrar esse propósito especifico.
A igreja tem o desafio de focalizar a sua atuação dentro das suas possibilidades. A missão da igreja deve ser proporcional à capacidade da igreja. Claro que nessa hora a fé também deve estar prevista no desafio. A igreja deve ser ousada porque temos um Deus ousado ao nosso favor. Existem igrejas que são pequenas em bairros simples que sustentam missionários na Europa. Por que isso é possível? Provavelmente porque eles têm uma visão missionária, tem um compromisso e principalmente porque tem fé. O contraste também é verdadeiro: Existem igrejas grandes em bairros bons que não consegue cumprir os seus compromissos missionários. Porque que isso é possível? Provavelmente porque faltou planejamento, visão e fé.
3.4 Como uma igreja pequena pode fazer Missões
1 – Confie no grande Deus
Devemos entender que o plano de Deus para a igreja, não importa o seu tamanho, é a implantação do seu reino por meio de pregação do evangelho a todas as nações. O que faz a diferença é o tamanho de nosso Deus. Ele disse: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3). A Bíblia afirma que Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3. 20-21).
Às vezes olhamos para nossa incapacidade e fraqueza, para o tamanho de nossas igrejas, para a situação financeira e ficamos desanimados, dizendo que é impossível. Mas isso está errado! Precisamos olhar para Deus e crer em seu poder, pois ele é grande e quer fazer coisas grandes. Do nada ele cria tudo! Aleluia! Precisamos orar como o rei Josafá: “Porque em nós não há força…, porém os nossos olhos estão postos em ti” (2 Cr 20.12). Aqui está o segredo da vitória: tire os olhos das circunstâncias e coloque-os no grande Deus, e ele transformará nossas igrejas em verdadeiras bases missionárias.
2 – Inicie um movimento de oração
Por meio da oração, a igreja pode fazer um movimento missionário e atingir nações. Desafie os membros de sua igreja a orar em casa, no trabalho, nos momentos de folga, na igreja, etc. Pela oração, vidas serão tocadas por Deus; portas, abertas; missionários, abençoados; vidas, salvas. Mais adiante darei alguns passos práticos para o início de um grande movimento de oração em sua igreja, não importa o tamanho dela.
3 – Treine os crentes para a evangelização pessoal
Descobri uma coisa interessante em meu ministério: os crentes não evangelizam porque não sabem fazê-lo. Antigamente eu pensava que se tratava de falta de consagração, de falta de fé, de desânimo etc., mas logo descobri que o grande problema era a falta de um ensino prático.
Certo domingo preguei, sobre a importância de o crente ganhar vidas para Cristo. Durante minha pregação exortei a igreja, afirmando que todo crente deve ser um ganhador de almas e que o crente que não ganha almas está em pecado, etc. Após o culto um jovem venho falar comigo e disse: “Pastor, você fica o tempo todo nos dando chicotadas do púlpito, nos exortando a ganhar vidas para Cristo, mas nunca nos ensinou a fazê-lo.”
Confesso que tive de reconhecer meu erro e dar a mão à palmatória. Pedi perdão àquele jovem e disse que iria providenciar o treinamento. Naquela época convidei a equipe da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo para vir dar um treinamento de evangelização e discipulado para a igreja; telefonei-lhes e perguntei se tinha um treinamento para a igreja.
Eles me informaram que sim e que necessitavam de um período de 12 horas/aula. Agendei o mês de outubro e usei o tempo do culto e da escola dominical nos quatro domingos daquele mês para o treinamento. Foi maravilhoso o trabalho do Espírito Santo, que levou os crentes a entender que podem pregar o evangelho.
No terceiro domingo de treinamento, preparamos uma surpresa para os membros da igreja.
Cheguei mais cedo com a Equipe da Cruzada, colocamos uma mesa na calçada da igreja, fechamos o portão e esperamos os crentes chegarem.
Cada um que chegava perguntava: “O que aconteceu, pastor? Não haverá treinamento hoje?” Logo explicávamos que iríamos fazer uma experiência e enviávamos pares a evangelizar na praça; pedimos que voltassem às 11h para darem testemunhos.
Lembro-me do testemunho de um diácono que falou com lágrimas nos olhos: “Pastor, sou crente há mais de 30 anos e nunca alguém orou comigo entregando a vida a Cristo, mas nesta manhã eu tive a alegria de ver alguém orando comigo, convidando Cristo para entrar em sua vida. Aleluia!”.
Hoje o treinamento em evangelização faz parte da instrução dos novatos na Escola Dominical, e a meta é que todos os membros da igreja saibam explicar o plano de salvação, levar uma pessoa a orar recebendo Cristo como Senhor e Salvador e dar os primeiros passos no discipulado.
4 – Desafie pessoas para o campo missionário
Mediante pregação, ensino, recomendação de livros, etc., você pode desafiar pessoas a se entregarem para a obra de missões. Creio que em toda igreja há pessoas vocacionadas para o campo missionário. Então pregue, desafie e procure identificar essas pessoas, dando-lhes o apoio necessário no discipulado pessoal, no encaminhamento para o preparo adequado. Não somente desafie, mas também apoie os vocacionados. Muitos pastores estão pecando ao deixar de apoiar, ajudar e orientar aqueles que têm sido chamados por Deus para a obra missionária. Talvez por medo de perderem o lugar, por ciúmes ou por irresponsabilidade. Se há em sua igreja algum membro chamado por Deus para o ministério, dê-lhe todo apoio, pois você estará colaborando para a expansão do reino de Deus. Não tema! O mesmo Deus que o colocou no ministério é poderoso para mantê-lo ou tirá-lo dele, de acordo com sua soberana vontade.
5 – Desafie os crentes a contribuir financeiramente
Uma igreja pequena pode fazer muito para missões mediante contribuição financeira dos seus membros. Deus não está olhando para o tamanho da sua oferta, mas sim para o tamanho do coração da pessoa que deu a oferta. Lembra-se da oferta da viúva pobre? Sua oferta foi maior que as das outras pessoas porque ela deu todo o coração (Lc 21. 1- 4).
Além disso Deus é poderoso para multiplicar qualquer oferta, como ele fez na multiplicação dos pães. Eu sou testemunha disso. Deus faz milagres nas finanças da Igreja quando esta coloca missões em primeiro lugar. Mas adiante quando falar sobre finanças, vou contar alguns desses milagres.
Conheço famílias que estão sustentando parentes no campo missionário. Muitas vezes, quando encontro algum missionário, pergunto-lhe: “Quem está sustentando?” De vez em quando, a resposta é: “Meus pais, meus irmãos, etc.” Então pergunto: Quantos são? Às vezes, cinco ou seis pessoas estão se unindo e sustentado um missionário no campo. Qual o tamanho da sua igreja? Mesmo que seja de cinco ou seis pessoas, se elas forem desafiadas e assumirem a responsabilidade, poderão se unir e sustentar missionários no campo, assim como algumas famílias estão fazendo. Desafie o seu povo a contribuir financeiramente!
6 – Associe sua igreja a outra para enviar missionários
Uma igreja pequena pode fornecer pessoas e dinheiro para a obre de missões. Mas, às vezes, não tem condições de levantar todo o sustento financeiro necessário; portanto, poderá se unir a outra igreja e, juntas, enviar o missionário.
Vou contar uma experiência marcante em minha vida. O pastor de uma igreja pequena veio à nossa convenção missionária e foi desafiado a fazer missões por meio de sua igreja. Voltou disposto a fazer de sua igreja uma igreja missionária. Desafiou o seu povo, e a resposta veio. Iniciou-se um movimento de oração e de contribuição financeira. Quando arrecadaram o dinheiro das ofertas mensais para missões, não sabiam como aplicá-lo e, então, pediram à nossa igreja a oportunidade de participar do sustento de uma de nossas missionárias na África.
Consultei nossa igreja, e todos com alegria aceitaram formar uma sociedade com a outra igreja para juntas, sustentarmos a missionária. Agora, aquele mesmo pastor está partindo para o campo, e as duas igrejas juntas vão participar do seu sustento.
Uma igreja pequena pode e deve fazer missões. Tudo depende de ser desafiada, de receber a visão e de aceitar a responsabilidade.
Conclusão
Existe uma séria realidade que nos mostra o quanto ainda deve ser feito e quão tremendas são as forças que se levantam contra o povo de Deus. Entretanto, a Igreja de Cristo foi comissionada Foi-lhe entregue também um critério de prioridade nas ações evangelizadoras: onde Cristo não foi anunciado (Rm 15.20). Cada povo tem o direito de ouvir o Evangelho na própria língua, e é dever da igreja proclamá-lo de maneira clara. É, portanto, momento de orar pelo mundo sem Cristo, pôr a mão no arado e não olhar para trás.
A igreja local é o meio que Deus usará para a propagação do evangelho até aos confins da terra. Em um mundo cheio de bilhões de pessoas perdidas, muitas das quais nunca ouviram o evangelho, é inaceitável que as missões mundiais sejam relegadas a um programa compartimentado na igreja para algumas poucas pessoas. Certamente Deus está chamando toda a sua igreja para estar envolvida em maneiras estratégicas de fazer a sua glória conhecida entre as nações. Nossa oração e desejo é que cada vez mais pastores assumam o privilégio e a responsabilidade que Deus tem dado às igrejas locais em sua missão mundial. Não podemos somente pensar na obra missionária como responsabilidade pessoal a ponto de nos estressarmos. Devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para avançar com a mensagem até os confins da terra.
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