“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” Gálatas 5.1
Introdução
Antes de tratarmos sobre qualquer tipo de vício, é preciso observar o que acontece na humanidade que nos torna suscetíveis a sermos controlados por certos desejos. Os desejos incontroláveis que orientam os vícios estão presentes no coração pecador de todo ser humano (Rm 7.18-19). E uma vez que entendemos que este tema atinge o mais íntimo da humanidade, estudá-lo à luz das Escrituras é extremamente pertinente. Portanto, o propósito é apresentar este tema tão complexo à luz de uma cosmovisão bíblica.
1. PECADO E VÍCIO
1.1. Pecado, o maior problema do homem
O vício é um hábito escravizador, que coloca como prioridade o prazer momentâneo ou duradouro. Esta visão nos instiga a examinar o que controla o vício ao invés de focar na escolha de um em particular. O problema do vício é um problema de senhorio. Quem é o seu senhor? Deus ou os seus desejos? Aquele que faz, faz para satisfazer seus próprios desejos, quer seja prazer, liberdade, dor, alívio, esquecimento ou vingança. Portanto, o problema mais profundo do viciado é o pecado.
1.2. Como podemos sugerir que algo é pecado quando nós não escolhemos fazê-lo?
Duas categorias bíblicas podem nos ajudar a entender o que está acontecendo na vida de um viciado: 1. Os viciados são idólatras; 2. Os viciados são escravos. Essas duas categorias representam uma maneira muito diferente de entender o vício. Na maioria da comunidade científica, é tomado como verdade, que os viciados estão sofrendo de uma doença e, portanto, não podem ser totalmente responsáveis por seus comportamentos. Mas, embora haja frequentemente um componente físico muito real no vício, uma compreensão cristã do pecado exige que insistamos em que Deus responsabiliza os dependentes por seus comportamentos e escolhas. Em outras palavras, o viciado escolhe insistir no seu hábito escravizador.
1.3. O pecado pode se tornar uma doença?
O pecado frequentemente se disfarça como doença. A escravidão do vício pode incluir uma disfunção física real e até uma dependência fisiológica, mas é muito mais profunda que isso. Embora uma pessoa possa ser dominada pelo poder daquilo a que se rendeu, ela mesma ainda possui total responsabilidade por sua rendição. O cerne do problema está em nossos desejos egoístas de ter nossas necessidades satisfeitas pouco importando as necessidades dos que estão ao nosso redor. O pecado é o problema fundamental do começo ao fim.
2. HÁBITOS ESCRAVIZADORES
2.1. Uma lista crescente de vícios
Quando se fala em vício, pensa-se logo em fumo, álcool e outras drogas, mas a variedade deles é muito maior. E com frequência aparecem tipos novos de vícios, conforme vemos a seguir: jogos de azar, dormir, nicotina, dor, tv, exercício físico, apostas, remédios nasais, cocaína, trabalho, esporte, açúcar, sexo, cafeína, furto a lojas, mentira, chocolate, remédios, sucesso, redes sociais, tecnologia, vídeo game, pornografia, etc.
2.2. Uma cultura que incentiva a busca pela satisfação
O que une todas estas e a maioria de outras atividades ou substâncias viciantes é que, apesar dos prejuízos provocados pela prática desse mal em nossa sociedade, são amplamente incentivadas por uma cultura hedonista.
2.3. Escravidão e perda de valores
A Bíblia nos ensina que perder o domínio de nossas ações só traz problemas, tristezas e lamentos (Pv 23.29-35). Devemos ser sóbrios e ter controle sobre aquilo que dizemos e fazemos. O homem que tem sua mente afetada e comportamentos destrutivos, provoca males para sua saúde e para seus relacionamentos. A essência da escravidão consiste no domínio exclusivo. Quando o ser humano vive para agradar a si mesmo, não poderá viver para Deus. Seus desejos se tornam ídolos funcionais.
3. POSICIONANDO-SE CONTRA O VÍCIO
3.1 Renovando a mente
O ser humano escravizado em seus vícios, para ser liberto, primeiramente precisa ter a visão de Deus a respeito de seu coração enganoso e perverso (Jr 17.9). Após a mudança de foco, deverá ter a sua mente renovada (Rm 12.2), para que possa compreender a necessidade da mudança de seus hábitos.
3.2 Mudando o coração
Jesus ensinou que é dentro de nossos corações que procedem maus desígnios (Mc 7.18-23). O coração do viciado precisa ser transformado pelo evangelho para que efetivas mudanças aconteçam, de egocêntrico para teocêntrico. Desta forma, poderá focar seus pensamentos, crenças e desejos na adoração a Deus, resultando em ações apropriadas que honram a Deus.
3.3 Oferecendo nossos corpos a Deus
Um cristão que deseja honrar a Deus, certamente colocará seus desejos em submissão ao Espírito de Deus, e isso resultará em frutos e ações novas. Desta forma ele cultuará o Senhor com seu corpo, e o apresentará como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. (Rm 12.1). Todo o nosso ser deve glorificar ao Senhor, e isso deve ser feito com uma vida regada à oração.
Conclusão
Na perspectiva cristã, qualquer tipo de vício é pecado, pois é um hábito escravizador. O pecado é o grande problema da humanidade, pois ele tem a capacidade de “reinar” em nossos corpos e nos afastar de Deus. Entretanto, Romanos 6 nos ensina que os cristãos não são mais escravos do pecado. Não estamos mais sujeitos à escravidão impostas por vícios pecaminosos. Entendemos que lutar contra um vício é uma luta árdua, por isso como povo de Deus não devemos desistir daqueles que lutam contra este inimigo, pois a Palavra de Deus nos promete que Cristo tem o poder de libertar o homem de qualquer escravidão (Jo 8.36) e ser transformado pelo Espírito Santo de Deus.