O Brasil é o terceiro país protestante do mundo. Esse status deve-se ao trabalho de incansáveis missionários que atuaram no Brasil, desde os primeiros calvinistas até ao grande trabalho dos pentecostais.
Desde o descobrimento do Brasil até hoje, já se passaram 509 anos e os cristãos evangélicos chegaram em terras brasileiras pela primeira vez em 1555, antes desse ano só quem atuou como missionários no Brasil foram os católicos. As perseguições aos missionários que atuavam no Brasil foram tão grande que em 1646 já não se tinha nem sequer indícios do protestantismo. Depois de mais de cento e cinqüenta anos de trevas, em que a chamada santa inquisição proibia a entrada de estrangeiros no Brasil. Finalmente, em 1808 uma nova lei que permitia o comércio entre países amigos abriu novamente o caminho para os missionários voltarem para o Brasil
Vamos viajar na História para compreendermos um pouco do trabalho realizado pelos missionários estrangeiros em Terras brasileiras que deram o ponta pé inicial para que chegássemos em 2009 com mais de 30 milhões de evangélicos no Brasil.
I. OS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS FORAM OS JESUÍTAS
Os jesuítas faziam parte de uma ordem religiosa católica chamada Companhia de Jesus. Criados com o objetivo de disseminar a fé católica pelo mundo, os padres jesuítas eram subordinados a um regime de privações que os preparavam para viverem em locais distantes e se adaptarem às mais adversas condições. No Brasil, eles chegaram em 1549 com o objetivo de cristianizar as populações indígenas do território colonial.
Incumbidos dessa missão, promoveram a criação das missões, onde organizavam as populações indígenas em torno de um regime que combinava trabalho e religiosidade. Ao submeterem as populações aos conjuntos de valor da Europa, minavam toda a diversidade cultural das populações nativas do território. Além disso, submetiam os mesmos a uma rotina de trabalho que despertava a cobiça dos bandeirantes, que praticavam a venda de escravos indígenas.
Os jesuítas começaram sua catequese erguendo um colégio em Salvador da Bahia, fundando a Província Brasileira da Companhia de Jesus. Cinqüenta anos mais tarde já tinham colégios pelo litoral, de Santa Catarina ao Ceará. Quando o marquês de Pombal os expulsou em 1760, eram 670 por todo o país, distribuídos em aldeias, missões, colégios e conventos.
OS PROTESTANTES CHEGARAM AO BRASIL
Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são particularmente relevantes:
Os franceses na Guanabara (1555-1567): no final de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a “França Antártica.” Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de São Bartolomeu (24-08-1572).
Em resposta a uma carta de Villegaignon, Calvino e a igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na Academia de Genebra e tornou-se pastor (†1611). Ele escreveria um relato da expedição, História de uma Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578.
Em 10 de março de 1557, esses reformados celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez das Américas. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam.
Alguns colonos reformados embarcaram para a França, mas quando o navio quase naufragou, cinco deles retornaram e foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Sob pressão de Villegaignon, eles escreveram a “Confissão de Fé da Guanabara” (1558), declarando suas convicções religiosas. Em seguida, os três primeiros foram executados, enquanto Lafon, o alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, mas foi preso, levado para Salvador (1559-67) e mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, após a expulsão dos últimos franceses.
A França Antártica representou a primeira tentativa de estabelecer uma igreja e um trabalho missionário protestante na América Latina.
Os holandeses no Nordeste (1630-54):
depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o controle da Espanha por sessenta anos – a chamada “União Ibérica” (1580-1640).
Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste.
O príncipe João Maurício de Nassau-Siegen liderou o Brasil holandês, governando o nordeste de 1637 a 1644. Como notável administrador, ele promoveu a cultura, as artes e as ciências, além de conceder liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus.
Os holandeses oficializaram a Igreja Reformada, estabelecendo vinte e duas igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de cinquenta pastores ou “predicantes” serviram essas comunidades.
A Igreja Reformada desenvolveu uma admirável obra missionária entre os indígenas. Eles pregaram, ensinaram e praticaram a beneficência, além de preparar um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a ordenação futura de pastores indígenas.
Após quase dez anos de luta, em 1654, os holandeses foram expulsos e se transferiram para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam migraram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.
1 thought on “História das Missões em Terras Brasileiras – Parte 1”
Comments are closed.